sábado, 11 de agosto de 2012

Policiais militares salvam criança em Santo André
Policiais Militares da 2º Companhia do 10º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano salvaram um bebê de quatro dias de vida por volta das 09h57 de hoje.Os policiais Sd PM Albuquerque e Sd PM Gonzáles em patrulhamento, foram solicitados pelos pais da criança na Alameda São Caetano - Bairro Jardins em Santo André que pediram socorro, pois seu bebê engasgou com a própria saliva. O Sd PM Albuquerque realizou o procedimento de desobstrução das vias aéreas, obtendo êxito em fazer com que o bebê retornasse ao seu estado normal.Logo após a criança foi auxiliada pelo Cb PM Enil do 8º Grupamento de Bombeiro que fica próximo ao local, sendo encaminhado ao Pronto Socorro do Município de Santo André, para realizações de exam
es.
Polícia Militar prende dois indivíduos por sequestro relâmpago em Embu Guaçu

Policiais Militares do 25º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano detiveram hoje por volta das 15h00, dois indivíduos por sequestro relâmpago em Embu Guaçu.
Durante patrulhamento pela Estrada Inozume Kagohara – Embu Guaçu os policiais depararam com dois indivíduos em veiculo que não obedeceram à ordem de parada, após acompanhamento eles colidiram o veiculo, desembarcaram, roubaram uma moto, atiraram contra os policiais e tentaram fugir a pé pelo matagal, onde foram detidos e um revolver foi apreendido.
Diante dos fatos, os indivíduos foram encaminhados ao DP de Embu Guaçu para elaboração do boletim de ocorrência.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

SP: Metrô entra com medida cautelar contra greve de metroviários



Diante da ameaça do sindicato dos metroviários de São Paulo de entrar em greve na próxima quarta-feira, o Metrô entrou com uma medida cautelar no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para assegurar o funcionamento das composições. De acordo com a empresa, o TRT concedeu a liminar nesta segunda-feira.
Na ocorrência de greve, fica determinado que os grevistas mantenham 100% dos serviços nos horários de pico, que vão das 6h às 9h e das 16h às 19h, assim como nos demais horários, sob a pena de aplicação de multa diária no valor de R$ 200 mil.
De acordo com o Metrô, o Sindicato ainda poderá ser responsabilizado cível e penalmente pelo eventual descumprimento de ordem judicial.
Reivindicações
No último dia 23 de fevereiro, o sindicato dos metroviários de São Paulo decidiram entrar em greve no dia 29. Os metroviários alegam que o Metrô quer reduzir o valor do pagamento da PR (Participação nos resultados). Os trabalhadores não aceitam a redução e fizeram uma contraproposta, aceitando a redução, mas com um valor menor.
De acordo com o sindicato, outra assembleia está marcada para as 18h30 do dia 28 de fevereiro. Se a empresa não aceitar a contraproposta, a assembleia vai decidir se a greve será mantida ou não.
A Companhia do Metrô informou, por meio de nota, que estuda a contraproposta de PLR-Participação nos Lucros e Resultados apresentada pelo sindicato

Em breve o blog estará de volta com as principais noticias de São Paulo!

Em breve  o blog do Thiago Slobosk estará de volta com as principais noticias!


Desta vez de São Paulo e Região não percam e mantenham-se informado.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O PODER DA MENTE O cérebro bem usado melhora com o tempo, estica a vida útil e previne as doenças da velhice



Thales Guaracy e Cristina Ramalho


 

    Antes de continuar a leitura deste texto, pare um instante e olhe a sua volta. O mundo que você vê é real ou imaginário? A luz que se projeta a seu redor seria observada e sentida da mesma forma se você não estivesse aqui? As cores fariam algum sentido se alguém não as pudesse observar, catalogar e interpretar? Os sons produziriam o mesmo efeito se não existissem ouvidos para captá-los? O frio ou o calor teriam alguma importância na ordem geral do universo se não fosse você que os estivesse sentindo? Tudo que você vê, ouve e sente reflete o mundo exterior A forma como alguém percebe, interpreta ou reage a isso, no entanto, é pura criação do cérebro, a mais maravilhosa e elaborada produção da vida na Terra. “O que o cérebro faz o tempo todo, dormindo ou acordado. é criar imagens”, diz o neurocientsta Rodolfo Llinas, da Universidade de Nova York. “Luz nada mais é do que radiação eletromagnética. Cores não existem fora de nossa mente. Nem os sons. O som é um produto da relação entre uma vibração externa e o cérebro. Se não existisse cérebro, não haveria som, nem cores, nem luz, nem escuridão.”
Desde que os seres humanos adquiriram a capacidade de pensar sobre sua própria existência, o cérebro é um desafio permanente ao entendimento. Aristóteles, o filósofo grego que viveu 350 anos antes de Cristo, acreditava que o pensamento vinha de um órgão quente e pulsante: o coração.
Para ele, o cérebro servia apenas para refrigerar o organismo. Foi mais ou menos assim que a mente humana foi explicada durante milênios. No século XVIII, graças ao trabalho do cientista italiano Luigi Galvani, provou-se que os músculos se moviam por descargas elétricas - e que o cérebro podia produzi-las. Desde então, desvendar os segredos da mente tem sido uma das mais extraordinárias aventuras humanas. Nada se compara, porém, aos avanços obtidos nessa área nos últimos anos. Uma infinidade de novas descobertas, feitas em laboratórios e centros de estudos ao redor do mundo, tem revelado o cérebro como um órgão mais fascinante, complexo e poderoso do que antes se imaginava. Descobriu-se que, ao contrário dos outros órgãos do corpo humano, ele pode melhorar seu desempenho durante a vida. A única exigência é que seja permanentemente treinado e exercitado em atividades intelectuais. “Atualmente, as pessoas vivem obcecadas com ginásticas, dietas e atividades para melhorar a saúde do corpo, mas pouca gente imagina que o cérebro também deve ser exercitado o tempo todo”, escreveu o grande mestre em xadrez Raymond Keene num artigo recente para a revista britânica The Spectator. “A melhor maneira de viver mais e melhor é botar o cérebro para trabalhar.”
Vida mais longa - O cérebro bem estimulado em tarefas como leitura, aprendizado de novas línguas, resolução de problemas matemáticos ou mesmo em tarefas rotineiras no trabalho pode esticar a longevidade de uma pessoa e evitar que ela sofra de problemas típicos da velhice, como a senilidade e a perda de memória. Uma pesquisa realizada. entre pacientes com mais de 65 anos, todos de um mesmo bairro e mesma classe social, no Hospital Francês de Buenos Aires, revelou que 38% deles tinham desenvolvido o mal de Alzheimer, doença degenerativa que apaga mecanismos da memória coordenadores de movimentos naturais, como os da locomoção. Esse índice, contudo, caía para apenas 7% entre os pacientes com nível de instrução universitário. Quanto mais informação útil é armazenada no cérebro, melhor é seu desempenho. Maior também é o benefício que ele leva a todo o resto do organismo ao qual está ligado. “O cérebro é uma máquina para usar e gastar”, diz o professor Ivan Izquierdo, especialista no estudo da memória do departamento de bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS. “Quem estuda ou tem uma vida intelectualmente ativa vive melhor e geralmente mais.” O uso adequado das potencialidades do cérebro também pode multiplicar muitas vezes a capacidade de aprendizado de uma criança, melhorar o desempenho de uma pessoa no emprego e aprimorar seus vínculos familiares e sociais.
O cérebro é uma máquina maravilhosa que desempenha múltiplas tarefas biológicas. Pesando pouco mais de l quilo e representando apenas 2% do peso total de um homem adulto, ele gasta 20% de toda a energia despendida no corpo. Entre uma orelha e outra de uma pessoa, estima-se que existam mais conexões neurológicas do que estrelas na a Láctea. Se alguém tentasse contar essas conexões, chamadas de neurônios, gastando um segundo em cada uma delas, levaria 32 milhões de anos para concluir a tarefa. É o cérebro que comanda as funções que asseguram a reprodução e a sobrevivência da espécie. Pense na batida inconsciente do coração, nas pálpebras piscando, na respiração contínua dos pulmões, nos alimentos sendo processados pelos intestinos, numa perna que se move. Tudo isso é organizado e dirigido pelo cérebro. Pense nas suas emoções, na atração sexual, no amor entre pais e filhos, nos sonhos e pensamentos. Eles também são produtos do cérebro. Sua missão mais elementar é recolher os estímulo externos, captados pelos sentidos, e transformá-los em impulsos elétricos que percorrem os neurônios. Toda essa informação é catalogada e arquivada na memória. É a ela que o cérebro recorre quando precisa tomar decisões, comandar os movimentos corporais e organizar o pensamento.
Aparato tecnológico
 

O cérebro hu-mano, no entanto, é mais que isso. É a única criação conhecida do universo que tem a capacidade e a tarefa de desevendar-se a si mesma. “Penso, logo , existo”, afirmou o filósofo René Desartes, no século XVII, o primeiro a concluir que a consciência, decorrente da atividade cerebral, era a prova primordial da existência do ser humano. Desde que a vida surgiu na Terra, há cerca de 3,5 bilhões de anos, milhões e milhões de espécies surgiram, evoluíram ou desapareceram da face do planeta. Nenhuma desenvolveu uma ferramenta biológica tão sofisticada quanto o cérebro humano. Alguns cientistas acreditam que, estatisticamente, ele é uma ocorrência raríssima. Tão rara que tornaria improvável a existência de seres inteligentes em outras regiões do universo. “O aparecimento de vida inteligente na Terra foi muito mais difícil do que os cientistas sempre imaginaram”, escreveu Ernst Mayr, veterano professor da universidade americana Harvard, considerado o maior biólogo vivo, autor de um livro essencial sobre a evolução das espécies (The Growth of Bialogical Thought). “Só isso já deveria desestimular qualquer idéia a respeito de inteligência extraterrestre”, afirma Mayr.
As novas descobertas, que permitem a melhor compreensão de como funciona o cérebro e como pode ser melhorado, devem-se ao impressionante aparato tecnológico desenvolvido pela ciência nos últimos anos. São aparelhos que “lêem” o pensamento pela medição do fluxo sanguíneo e dos impulsos elétricos que trafegam pelos neurônios. Drogas que conseguem congelar determinada atividade cerebral numa cobaia, de modo que os pesquisadores possam dissecá-la para entender como se processou. Técnicas refinadas de microbiologia, que permitem analisar cada uma das estruturas microscópicas dos neurônios. Análises genéticas, usadas para estudar a evolução do órgão nas diferentes espécies vivas. O resultado da soma de tudo isso é espetacular. “Finalmente estamos entrando dentro do cérebro”, diz o professor Gilberto Xavier, do departamento de fisiologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. “Para a ciência, a década de 90 está sendo a das descobertas sobre o cérebro. E acredito que o século XXI deverá ser o século cerebral.”
O desenvolvimento natural do cérebro se dá na mais tenra infância. Até os 8 anos, a criança já possui conectados 90% dos neurônios que carregará ao longo da vida. Aos 17 anos de idade, o cérebro humano atinge os 100% do seu estágio de crescimento. No entanto, estima-se que apenas 30% da capacidade intelectual das pessoas seja inata, determinada pela herança genética. Os outros 70% vêm do uso e do aprendizado. Isso significa que, assim como existem seres humanos mais altos ou mais velozes, existem pessoas com maior capacidade orgânica cerebral. É isso que faz a diferença entre uma pessoa mais inteligente e outra menos. O cérebro tem milhões e milhões de células conectadas, entre si, por neurônios – os microscópicos filamentos nervosos que conduzem os sinais elétricos. Cada neurônio pode ligar-se a outras 100 000 terminações como ele. O número de combinações possíveis pode chegar quase ao infinito. As conexões entre os neurônios, por onde passa a informação cerebral, são chamadas de sinapses. Quanto maior for seu número, mais inteligente a pessoa será. “É a capacidade humana de produzir essas combinações, a partir de dados registrados no cérebro, que podemos chamar de inteligência”, diz o fisiologista Gilberto Xavier, da Universidade de São Paulo.
Até algum tempo atrás, imaginava se que um cérebro jovem, em sua plena vitalidade biológica, fosse muito mais poderoso e criativo do que um outro já maduro e desgastado pela idade. A matemática fornecia o maior dos argumentos para os defensores dessa teoria: quase todas as grandes equações matemáticas foram propostas ou decifradas por gente com menos de 30 anos. Albert Einstein tinha apenas 26 anos quando apresentou sua teoria geral da relatividade a mais revolucionária de todas as elaborações matemáticas, que lhe valeu o Prêmio Nobel de Física, quinze anos depois. O argumento é forte, mas ele se baseia numa idéia ultrapassada a respeito da mente humana. As novas descobertas estão mostrando que a inteligência não se limita à capacidade de raciocínio lógico, necessária para propor ou resolver uma complicada equação matemática. Os testes de QI, um dos antigos parâmetros usados para medir a inteligência, á não servem mais para avaliar a capacidade cerebral de uma pessoa.
Inteligência emocional - A inteligência é muito mais que isso. É uma soma inacreditável de fatores, que inclui até os emocionais. Uma pessoa excessivamente tímida ou muito agressiva terá sempre problemas para conseguir um bom emprego, ascender na profissão ou ter bom relacionamento familiar, por maior que seja seu QI. O que os novos estudos estão mostrando é que um cérebro jovem tende, sim, a ser mais inovador e revolucionário. Mas. como um bom vinho ou uma boa idéia, ele também pode amadurecer e melhorar com o tempo. Basta ser estimulado e exercitado. A ciência, a arte e a literatura estão repletas de exemplos. Charles Darwin viajou para as ilhas do Pacífico em busca de uma explicação para a evolução dos seres vivos quando tinha apenas 22 anos. Mas só muito mais tarde, aos 55 anos, publicou A Origem das Espécies, obra que revolucionou o estudo da biologia e a compreensão da vida na Terra. Karl Marx tinha 26 anos quando publicou suas primeiras idéias num estudo chamado Manuscritos Econômicos e Filosóficos. Só duas décadas mais tarde, porém, com 49 anos, concluiu sua obra prima, O Capital. Da mesma forma Leonardo da Vinci começou a desenvolver sua genialidade ainda jovem, em Florença. Só aos 54 anos, contudo, criou a Mona Lisa, sua mais célebre pintura, mesma época em que fez vários de seus inventos e estudos sobre a anatomia humana. “Isso explica por que muitos escritores atingem o auge de sua carreira justamente no fim da vida”, afirma Gilberto Xavier, da USP. “É o caso do argentino Jorge Luis Borges, que alguns anos antes de morrer estava no auge da sua capacidade criadora.”
Numa pessoa intelectualmente ativa, o cérebro pode melhorar cada vez mais. Numa outra, que não lê, não estuda, não trabalha, nem se envolve em atividade desafiadora para a mente, ocorre o oposto. O cérebro decai e envelhece, como qualquer outra parte do corpo não utilizada. “Uma mente sem uso se deteriora tanto quanto uma perna que não se exercita”, diz o chefe do Departamento de Gerontologia da Universidade George Washington, Gene Cohen. Há pesquisas curiosas a esse respeito. Pessoas que trabalham e saem de férias por uma semana ao retornar mantêm praticamente intacto o número de sinapses cerebrais associadas às atividades no trabalho. Quando as férias são mais longas que um mês, no entanto, a queda é expressiva. Isso explica aquela sensação de preguiça que toma conta das pessoas ao final de férias mais prolongadas. Ao retornar ao trabalho, o cérebro precisa ser reeducado e exercitado novamente para recuperar o desempenho perdido. Isso também explica por que pessoas que se aposentam e não se dedicam a nenhuma outra atividade estimulante muitas vezes envelhecem e até morrem precocemente.
Atividades complexas ou inovadoras são a melhor forma de exercitar o cérebro. Jogar xadrez sempre foi considerado um bom exercício cerebral, porque exige concentração e capacidade de inventar saídas para novas situações. Outra maneira apontada pelos especialistas é a leitura. “Quando alguém lê, está criando novas imagens, aprendendo novos conceitos e até exercitando a fala”. diz Ivan Izquierdo, da UFRGS. “Enquanto as pessoas lêem, músculos da língua quase imperceptivelmente se mexem” Para expandir as ligações cerebrais o ideal é não desistir da leitura de textos um pouco mais complicados. Outra maneira é viajar para lugares desconhecidos e surpreendentes. Até mesmo arrumar os móveis da casa de outra forma é uma tarefa estimulante para a atividade cerebral. Poucas experiências são tão desafiadoras para o intelecto quando aprender uma nova língua. Ela provoca uma reação em cadeia no cérebro, que se vê convidado a criar novas combinações para decifrar e armazenar palavras até então desconhecidas. São essas novas conexões, geradas pelo desafio diante da novidade, que aumentam a capacidade do intelecto de trocar informações consigo mesmo.
Alargar fronteiras - Numa pesquisa recente feita nos Estados Unidos, o neurocirurgião George Ojemann, da Universidade de Washington, mediu com eletrodos reações cerebrais em pessoas bilíngües. Primeiro, pediu que elas pensassem determinadas palavras em diferentes idiomas sem pronunciá-las. Depois, propôs que repetissem a experiência lendo essas mesmas palavras em silêncio e repetindo-as em voz alta. Em cada etapa da experiência, os neurônios ativados pelo cérebro eram diferentes. A mesma palavra pensada, lida e repetida em voz alta em inglês e espanhol, por exemplo, gera seis diferentes respostas no cérebro. “O mesmo neurônio que é ativado quando se ouve uma palavra não reage quando ela é pronunciada em voz alta”, explicou Ojemann. A conclusão é óbvia: uma pessoa alfabetizada e poliglota, que consiga ler e falar em diferentes idiomas, tem uma capacidade cerebral multiplicada várias vezes em relação a outra, analfabeta, que mal consiga expressar-se verbalmente num único idioma. Estudar, portanto, é a forma mais eficiente de alargar as fronteiras da mente humana.
O avanço nos estudos sobre o cérebro já permite à medicina grandes vitórias no tratamento de vários problemas e doenças. Antigamente, acreditava-se que cada tipo de informação ou função cerebral era concentrado em uma região particular do cérebro. Hoje, sabe-se que cada célula pode desempenhar múltiplas funções, embora haja alguma especialização. Dados ligados à emoção são mais armazenados no hemisfério direito do cérebro, enquanto os ligados à razão e à linguagem ficam do lado esquerdo. Mas sua maleabilidade permite a adaptação a situações, como uma lesão decorrente de um acidente. Um caso exemplar é o do locutor Osmar Santos, que perdeu parte da massa encefálica trombada de automóvel, em 1994. Hoje, graças a exercícios específicos para recuperar a atividade cerebral, ele já se comunica por gestos e até recobrou um vocabulário incipiente. “O cérebro é adaptável e capaz de se reorganizar”, diz o neurocinirgião Jorge Pagura, que foi Secretário de Saúde do município de São Paulo e que participou do tratamento de Osmar, “Quando parte dele sofre algum tipo de lesão, outras áreas passam a compensar a falha.”
O maior salto científico, no entanto, está no terreno da memória, a ferramenta mais essencial do cérebro. Antes também se acreditava que a memória de longo prazo e a recente eram formadas em lugares distintos do cérebro. Uma outra teoria sustentava que a memória de longo prazo seria um resquício da memória recente. Estudos realizados pela equipe do professor Ivan Izquierdo, no Rio Grande do Sul, que estão sendo publicados numa série de artigos na revista científica britânica Nature, chegaram a uma conclusão diferente. Eles mostram que ambos os tipos de memória se formam nas mesmas células, mas de forma independente. O cérebro cria uma memória que dura apenas seis horas, para o caso de precisar da informação logo em seguida. E cria outra que pode perdurar, a vida inteira. São registros vivos, impressos nas proteínas que formam o conteúdo das células. Eles vão se modificando com o tempo. “O cérebro é essencialmente dinâmico e funciona como uma biblioteca onde sempre cabem mais livros”, explica Cláudio Guimarães, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. A memória é capaz de descartar dados considerados irrelevantes, ou resgatar dados praticamente perdidos quando eles se tornam cruciais. “Quanto mais informações são ali armazenadas, mais ágil o cérebro se torna para localizar o estoque antigo”, diz Guimarães. O melhor conselho para quem quer turbinar o próprio cérebro, portanto, é: use e abuse.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Psicopata: mente cruel em rosto agradável

Criminosos em série, mentirosos, estelionatários. Os psicopatas praticam crimes que para eles são normais
Reportagem Kariny Martins
Edição Rodrigo Batista
SAMANTHA COSTA


Apesar dos crimes que podem cometer, os psicopatas pensam apenas na melhor forma de se beneficiarem
MELINA DE SOUZA E GUILHERME DE SOUZA


Essa é a imagem que a maioria das pessoas tem dos psicopatas. Mas poucos chegam a esse estado mais graveCharmosos e simpáticos; mentirosos e manipuladores. Os psicopatas não se importam de passar por cima de tudo e de todos para alcançar seus objetivos. Egocêntricos e narcisistas, eles não sentem remorso, muito menos culpa. Se algo ou alguém ameaça seus planos, tornam-se agressivos. São mestres em inverter o jogo, colocando-se no papel de vítimas. E estão sempre conscientes de todos os seus atos, pois, diferentemente do que ocorre em outras doenças mentais, os psicopatas não entram em delírio.




A psicopatia atinge cerca de 4% da população (3% de homens e 1% de mulheres), segundo a classificação americana de transtornos mentais. Sendo assim, um em cada 25 brasileiros enquadra-se nesse perfil. Mas isso não significa, é claro, que todos são assassinos em potencial.




Estudos coordenados por diversos pesquisadores, entre eles o psicólogo americano Randall T. Salekin, da Universidade do Alabama, indicam que, de fato, é comum que os psicopatas recorram à violência física e sexual. No entanto, a maioria dos psicopatas não é violenta. Alguns pesquisadores acreditam até que muitos sejam bem-sucedidos profissionalmente e ocupem posições de destaque na política, nos negócios ou nas artes.




O psicólogo Leonardo Fd Araujo, especialista em psicologia clínica pela Universidade Tuiuti do Paraná, concedeu entrevista ao Comunicação On-line e fala mais sobre a psicopatia e os psicopatas.




Comunicação On-line: O que caracteriza a psicopatia?




Araújo: O egocentrismo, a ausência de culpa e remorso, o excesso de razão e inexistência de emoção são as principais características. Os psicopatas fingem e mentem muito bem, e forjam o afeto. Além disso, há os prejuízos sociais causados por esse tipo de transtorno mental, tais como agressões, estupros e assassinatos. É preciso ressaltar que o psicopata sente prazer em cometer o mal, em conseguir concretizar o que ele almeja. O falsário sente um extremo prazer ao conseguir enganar alguém, assim como o estuprador sente o mesmo ao cometer um estupro. Quando o mal está feito, ele não se culpa e ainda procura cometer outros crimes contra outras vítimas.




Comunicação On-line: O psicopata é pintado geralmente como um assassino. Mas esse é o único perfil de um psicopata?


Araujo: O psicopata apresenta vários perfis. A grosso modo, existe o psicopata leve, moderado e grave. O psicopata leve é o conhecido “171”, aplica pequenos golpes e engana pessoas de bem. O moderado já se envolve de maneira mais contundente com as vítimas dos golpes, que quase sempre envolvem muitas pessoas e grandes somas em dinheiro. Já o psicopata grave, esse sim é o mais conhecido pelo público leigo. É o indivíduo que comete assassinatos a sangue frio, sejam em série ou não. Nos noticiários, infelizmente, volta e meia aparecem casos de assassinos e estupradores seriais, muitas vezes crimes com requintes de crueldade. O que os diferencia é a forma de agir. Uns sentem prazer no estupro, em torturar, outros em torturar e matar.




Comunicação On-line: O que pode levar um indivíduo a cometer atitudes de psicopatas?




Araujo: A psicopatia tem causa multifatorial. Há estudos que demonstram que psicopatas que tiveram uma infância repleta de violência e com uma família desestruturada, podem chegar a cometer crimes graves contra a vida. Ou seja, podem se tornar verdadeiros predadores sociais, causando sérios prejuízos à sociedade. Há também fatores genéticos, fatores próprios de cada indivíduo e fatores de ordem social que quando somados, podem levar à psicopatia.




Comunicação On-line: Existe uma maneira de perceber que uma pessoa é um psicopata?




Araujo: Isso é bem complicado. É sempre bom desconfiar de pessoas que se apresentam de forma sedutora, com idéias mirabolantes, sempre muito agradáveis. A mídia já retratou diversos casos de impostores. Eles se aproveitam de mulheres quase sempre muito bem colocadas profissionalmente, prometem mundos e fundos, enfim, ganham a confiança da vítima. Quando menos se espera, o impostor pede um dinheiro para completar a compra de um imóvel ou de um carro, e promete pagar assim que possível, ou assim que fechar outro negócio. A partir daí, já é tarde para reagir. Geralmente esses impostores somem no dia seguinte sem deixar nenhum vestígio. Coisa parecida acontece nos casos de estupradores e assassinos seriais. O psicopata vem com uma conversa agradável, dizendo que a moça é muito bonita, que quer tirar umas fotos dela para a agência de modelos. Pronto, a armadilha foi colocada, dificilmente a vítima terá escapatória. Esse tipo de abordagem foi usada, por exemplo, pelo Maníaco do Parque em São Paulo.






Comunicação On-line: Uma pessoa que possui um perfil de psicopata nasce com essas características, ou pode adquiri-las?




Araujo: O psicopata já o é desde o nascimento. Mais cedo ou mais tarde, o transtorno pode ser deflagrado, em maior ou menor grau. Estudos demonstram que filhos de psicopatas têm cinco vezes mais chances de desenvolver o mesmo transtorno. Sabemos que todo transtorno mental tem causas biológicas, psíquicas e sociais. Uma criança filha de psicopata, que sofreu abuso e violência, tem ainda mais chances de desenvolver o transtorno. Um jovem pode desde cedo começar a demonstrar os primeiros sinais de que há algo errado. Por volta dos 15 anos pode apresentar os primeiros sinais de transtorno de conduta e se não tratado, pode evoluir para a psicopatia.






Comunicação On-line: Como é o relacionamento social do psicopata? Ele consegue ter uma vida social, com amigos, trabalho e estrutura como outra pessoa qualquer?




Araujo: O relacionamento social de um psicopata é movido por interesses. O problema é que na maioria das vezes é uma via de mão única: as vantagens são almejadas apenas para benefício próprio. Nem que para isso seja necessário passar por cima de quem estiver em seu caminho, causando sérios problemas para quem o cerca. É importante ressaltar que os prejuízos monetários, morais, físicos e psíquicos que as vítimas do psicopata sofrem são incalculáveis. No trabalho, o processo é o mesmo. A vida laboral do psicopata é repleta de desmandos, crises com superiores e intrigas. Para os que convivem com um psicopata, principalmente familiares, a relação é sempre difícil e conturbada. Os familiares percebem que algo está errado, mas para o psicopata está tudo na mais perfeita ordem.




Comunicação On-line: Aos olhos da maioria da população, as atitudes dessas pessoas são reprováveis. O psicopata tem consciência de que aquilo que ele faz é errado?




Araujo: Esse é um ponto importante. O psicopata sabe exatamente o que faz inclusive que tais atos são ilegais ou imorais. Ele tem ciência de que pode ser pego pela polícia e levado à justiça. Sendo assim, o psicopata calcula meticulosamente os seus passos. Um estelionatário ardiloso, por exemplo, planeja cada passo, cada detalhe para que seu plano tenha êxito e para que nada seja descoberto antes do tempo. Tudo o que o psicopata faz é normal e natural, para ele mesmo, é claro. Por não sofrer de remorso ou culpa, comete os piores crimes e atrocidades sem pestanejar.




Comunicação On-line: Assim como outros distúrbios da mente, a psicopatia tem algum tratamento?




Araujo: Para praticamente todos os casos, o tratamento tem pouco ou nenhum efeito. É preciso entender que a maneira de ser do psicopata é algo ruim para nós, mas para eles é algo perfeitamente normal e aceitável. Ainda não soube de nenhum caso de um psicopata estelionatário que passe por uma crise existencial e procure um tratamento. No psicopata grave então, nem se fala. As tentativas de intervenção, para estes casos graves, se dão no meio carcerário. Infelizmente, tais intervenções, são complicadas e conturbadas. Adoraria dizer o contrario, mas ainda não há cura para a psicopatia, e o tratamento se dá visando a redução de danos. Ou seja, é uma tentativa de tratamento que tem como objetivo diminuir os efeitos e os prejuízos sociais causados pelo psicopata.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

PREFEITURA DE ALTAMIRA PEDE SUSPENSÃO DE BELO MONTE FONTE

A Prefeitura de Altamira produziu um documento endereçado à Presidência da República solicitando a suspensão da licença de instalação do canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, por conta do não cumprimento das medidas mitigatórias emergenciais que ficaram acordadas para a concessão da licença pelo Ibama. O município é base para o empreendimento, um dos mais polêmicos do país, devido aos protestos de indígenas, outras populações tradicionais e produtores rurais, que não teriam sido devidamente ouvidos no processo de planejamento da obra.
De acordo com documento assinado pela Prefeitura, os compromisso assumidos pela Norte Energia S.A. (NESA), responsável pela construção de Belo Monte, expiraram em 30 de julho, sem que as obras prometidas em escolas e postos de saúde, por exemplo, tenham sido concluídas. E, na maioria dos casos, nem começadas.
“Tal desobediência nos força a pedir a suspensão imediata da referida licença, com vistas a resguardar o interesse da população altamirense, que está bastante prejudicada com o atraso dessas obras”, diz o texto. “Certo é que as mesmas [obras de educação e saúde] já deveriam ter sido concluídas antes do início das obras do canteiro [da usina de Belo Monte], que estão avançadas em relação ao cumprimento das condicionantes.”
De acordo com Ubiratan Cazetta, procurador da República no Pará, Altamira já está sofrendo com o fluxo migratório causado pelo canteiro de obras de Belo Monte. Trabalhadores de várias partes do país, principalmente das regiões Norte e Nordeste, estão indo para a cidade em busca de emprego. Contudo, Altamira não possui estrutura de saúde, educação, transporte, saneamento e segurança para suportar o crescimento repentino de sua população e evitar um caos social – que foi presente na história de grandes obras de engenharia implantadas na Amazônia. Daí a importância das medidas mitigatórias e a preocupação com o descompasso entre o avanço da usina e o atraso das obras na cidade.
“Corroborando com tal situação caótica, a demanda por vagas em sala de aula estão maiores que as ofertadas, como também, a incapacidade física instalada do atual hospital municipal, bem como dos hospitais conveniados deste município e dos municípios vizinhos no atendimento à população, em função do aumento considerável de imigrantes que buscam trabalho em nossa cidade”, afirma o documento.
A prefeita Odileida Maria Sampaio (PSDB) “apela” à Dilma Rousseff: “uma vez que o ex-presidente, senhor Luís Inácio Lula da Silva, prometeu em público nesta cidade no dia 22 de junho de 2010, que o empreendimento traria grandes benefícios para Altamira e as outras dez cidades no entorno desse megaprojeto, o que encheu de entusiasmo toda a população, mas o que se vê na prática até o momento, são penosas frustrações, como mais pobreza, insegurança e caos social”.
“Ressalta-se que todos esses problemas, evidenciam a falta de responsabilidade do empreendedor quanto a cumprir com a contra-partida social, econômica e ambiental, firmada entre a NESA e esta Prefeitura Municipal de Altamira através dos “Termos de Cooperação Institucional, Técnica e Financeira”, colocando em risco a população da cidade. Como se diz no jargão popular: “empurrando a dignidade do cidadão altamirense com a barriga”. Tal situação a inaceitável”, diz o texto.
O documento, um compêndio das promessas feitas pela responsável pela obra, a Norte Energia S.A., com a avaliação do estágio do cumprimento das mesmas, é também assinado pelo Sindicato do Setor Hoteleiro de Altamira, a Associação Comercial, Industrial e Agropastoril, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, o Sindicato do Comércio, o Sindicato dos Empregados do Comércio, Associações de Moradores, totalizando 50 entidades – incluindo a Câmara Municipal e seus 11 vereadores.
O documento, data de 14 de setembro, também seria encaminhado para o governador do Pará, Simão Jatene, para Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, José Sarney, presidente do Senado, Eletrobrás, Eletronorte, Norte Energia, entre outros. O Ministério Público Federal no Pará recebeu uma cópia nesta semana e está estudando medidas a serem tomadas. A assessoria do MPF afirma que a lista de impactos negativos retratados no documento vai ao encontro do que vem sendo alertado pela instituição desde o início das discussões sobre a obra, mas que foram ignorados pelo governo federal e pela Justiça.
Segundo o documento, a única forma de resolver um impasse institucional que foi gerado é o cumprimento de todos os itens dos “Termos de Cooperação Institucional, Técnica e Financeira e Manifestação de Anuência”.
Na última terça (27), a Justiça Federal no Pará determinou a paralisação de “qualquer obra que venha a interferir no curso natural” do rio Xingu devido à construção da usina de Belo Monte atendendo a uma ação da Associação dos Criadores e Exportadores de Peixes Ornamentais de Altamira (PA). Segundo a entidade, mais de mil famílias seriam prejudicadas. Bem, não é lá uma vitória grande dos opositores ao projeto, pois a implantação do canteiro de obras e dos alojamentos não está suspensa. E não há obras no rio, apenas no canteiro e nos alojamentos.